“anda só”. quero que venhas ter comigo. mas como? sabes que não é possível. “anda só”. vem que depois eu cuido. sem preocupações. é isso que a expressão quer dizer? não tenho a certeza mas é assim que a entendo. gosto muito. sabes como sou sensível às palavras. à sempre possível estonteante junção que origina uma expressão. faz crer que só o chegar junto da outra pessoa importa. sem condições ou exigências. sim. tão bonito. gostas de poesia? nem por isso porque não a sei interpretar. estás enganado. acabaste de o fazer. deste vida a palavras que ouviste. retiveste-as na tua mente. vestiste-as de significado. reproduziste-as com aspas. e ainda as embrulhaste em papel de presente quando as libertaste. “anda só”. quase que consigo ouvir a melodia por detrás. uma sucessão coerente de sons e silêncios que se desenvolvem em uma sequência linear com identidade própria. estás a confundir com a minha voz. talvez. não é afinal a voz que dá sentido a uma composição? sim. então esta expressão pode bem ser uma composição musical. sabes que não sei tocar nenhum instrumento. não faz mal. “anda só” e repete-o quantas vezes te apetecer. é o que basta. não te demores. vou fazer por isso. até lá espera por mim com a certeza de que quando chegar irei só eu. esta terra ajuda-nos nisso. a ter vontade de chegar só. eu sei. sinto o mesmo quando aí estou. até já.
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