lembro-me bem do primeiro dia. tive que me encostar a uma
parede para os deixar passar. estranhei um antigo palácio como poiso. outra vez
na universidade. éramos só um grupo de pessoas. em comum um sonho. uma missão orgulhosa.
sei de cor cada objectivo traçado em território secreto. cada marco vitória. derrotas
também. dores de crescimento contínuas de quem acompanha os ponteiros do relógio.
depois a expansão. o sabor de ser maior. a responsabilidade de ser melhor. de
fazer diferente. de contar ao mundo a boa nova. e eu corria. corria com vontade.
primeiro na mesma pista. depois em uma diferente. nas duas dei o máximo. fui inteira.
reinventei-me para estar à altura de quem comigo corria também. em dias mais
duros questionei. questionei-me. hoje sei com toda a certeza que valeu a pena. que
felizarda sou por ter algo a que custa tanto dizer adeus. “mamã se estas
pessoas gostam tanto de ti. se tu gostas tanto delas. porque te vais embora”. foi
a pergunta que ouvi ainda em pós choque de um dos dias mais felizes da minha
vida. o dia em que me disseram quase tudo. depois de ter partilhado o vídeo homenagem
digno de hollywood. a gravação da serenata surpresa da tuna com quem vibrei estes anos. silêncio. não
vale quebrar a inocência. como não vale quebrar as boas recordações. tantas que
são o que fica. e o que perpetuarei sempre no meu coração. a amizade dos
quatro. cumplicidade que falta em muitas famílias. entreajuda desinteressada. literatura
à parte assim se fazem as verdadeiras equipas. já dispensávamos as palavras. ficávamos
com os olhares. os magníficos sete e todos os outros. ninguém foi por acaso. sei
todos os nomes. reconhecerei todos os rostos. quem deu o benefício da dúvida. quem confiou
de olhos fechados. até quem fingiu acreditar. quem me suportou. quem se deixou
guiar. não é sobre resultados. é sobre com quem chegas até eles. detesto despedidas
mas esta tinha que ser. obrigada a todos. a cada um. pessoal e
profissionalmente. deixo pela segunda vez a universidade. melhor pessoa. mais feliz. devo-o
a todos os que me estão a ler. que sabem quem são. levo-vos comigo para a vida. deixo-vos o som das minhas gargalhadas.
“Sentes que um
tempo acabou
Primavera de
flor adormecida
Qualquer coisa
que não volta que voou
Que foi um
rio, um ar, na tua vida
E levas em ti
guardado
O choro de uma
balada
Recordações de
um passado
E o bater da
velha capa
Capa negra de
saudade
No momento da
partida
Segredos desta
cidade
Levo comigo
pr'á vida
Sabes que o
desenho do adeus
É fogo que nos
queima devagar
E no lento
cerrar dos olhos teus
Fica a esperança
de um dia aqui voltar”
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