domingo véspera de e de

tudo bem. podes vir domingo véspera de e de. mas sem a personalidade implacável. para mim este ano vens sozinho. igual a tantos outros. sem sensação de fim. sem angústia. ou frio na barriga. olha as malas continuam por arrumar. isto diz muito do quão diferente te estou a receber. não leves a mal mas os dias antes de ti levaram-te a melhor. este ano quem sorri e muito sou eu. decidi aproveitar e perpetuar até mais não ser possível as férias (em espírito entenda-se). agora os respectivos resquícios. tenho a alma leve. energias recarregadas. uma alegria que vem do que foi tão bom. mas tão bom que ainda permanece. o meu mar. o meu sol. areia colada ao corpo. sal. tempo sem cronómetro. noites a confundir as 24 hrs. olha o meu sorriso. há momentos assim. que se encontram para pôr a conversa em dia numa inesperada sequência de eventos. e mudam qualquer coisa. cá dentro. mesmo. desliguei o tic-tac. deixei os e ses na gaveta. fui eu e ele. às vezes só eu. outras só ele. e momentos e pessoas também. abensonhados (expressão roubada ao Mia Couto). não foi preciso muito. o jacto privado não chegou a tempo. os 5 estrelas estavam lotados. a colecção primavera-verão matchi-matchi esgotou cedo em ny. valeu-nos coisas mais simples. como uma predisposição para estar e sentir. e sentir e estar. mesmo. sem correrias. não contam as de mota de água a alta velocidade? não. remos a dois braços também não? não. depois as cerejas no topo do bolo. ou as bolas de berlim. que quando menos se espera o universo conspira a nosso favor. vieram os de sempre. a família. a família emprestada. os que não eram vistos há muito. os novos que pareciam ter lá estado ainda ontem. os não esperados. os que regressaram. e ainda as venturas e desventuras não programadas. ainda uma visita ao sitio de sempre. água gelada para lavar a alma. areal a perder de vista. pôr do sol pintado à mão. por isso tudo bem. podes vir domingo véspera de e de. estou preparada. amanhã se não me esquecer (que isto comigo nunca fiando) troco as havaianas pelos saltos. deixo os calções desbotados. o cabelo desgrenhado de quem não quer saber. prometo. mas levo o sorriso. este da foto. não mo vais roubar só porque há um dia depois de ti que parece querer auto adjectivar-se com suspiros de comiseração. ah e ainda levo os ecos das vozes de cada um ao invés de música do i-phone. os flashes do que gravei quando os números me começarem a dar sono. o cheiro do verão como perfume para me refrescar quando o calor apertar. e o que mais me apetecer. vou com calma. mas lá estarei. com uma saudade feliz. que temos que nos demorar quando valeu a pena. e devia eu fazê-lo mais vezes. demorar-me no que a vida pede que me demore.
porque afinal como diz uma amiga "podes ter o penteado mais bonito do mundo mas nada, nada, bate esse sorriso". e é quando me demoro que ele fica maior.







4 Comentários