três (muito) bons tigres


uma das serenidades que o passar do tempo traz é a confirmação de algumas boas verdades que nos vão sendo ditas ao longo do caminho. a vida encarrega-se de garantir que a nós chega o que na mesma proporção em conteúdo e forma lhe oferecemos. talvez das mais absolutas boas verdades que posso confirmar. como a nossa amizade. tinha 17 anos quando achei que devia conhecer o mundo real antes de mais um passo. liguei-te para me ajudares com a integração. mal te conhecia. mas em 30 minutos estavas à porta de minha casa. a disponibilidade sempre foi o teu nome do meio. a primeira de muitas boleias na mota que se anunciava a 1km de distancia pelo barulho que fazia. música quero dizer. foste tu que mo apresentaste. o melhor homem compromisso entre bom senso e sensibilidade que conheci até hoje. com um coração à altura da estatura. passámos a ser três. a uns dias de fazer anos planeio que é convosco que quero estar. como quero sempre. amigos improváveis de tão dissemelhantes que somos. é esse o ingrediente de sucesso. não é? esse e a lealdade. entre amuos e zangas e reconciliações. entre intervalos pontuais entre tempos. com mais ou menos palavras. cá continuamos. entre a adolescência e a idade adulta o cardápio tem sido absoluto. generoso. pouco ortodoxo. como a nossa conexão. houve o secundário que durou mais que o previsto. maldita matemática da então nova liberdade. velocidade com adrenalina em duas e quatro rodas. quedas e toques faziam parte. siga. houve a primeira noite de excessos com direito a escolta aos pais. as que se seguiram entre lisboa e arredores. houve exploração de um bar para desenvolvimento de novas competências. e um cão que não se sabia de quem era quando a porta se abriu. houve caras novas com provas de aguenta ou aguenta. sem alternativa. davam personagens para bons filmes. netflix em que categoria? houve a faculdade que nos afastou. crescidos que nos achávamos na altura. houve os primeiros trabalhos que ainda consentiam celebrações de três dias por semana. mesmo com carta retida. com direito a garrafa com nome pois claro. e o domínio dos roteiros da moda. verão e inverno. houve projectos pensados que não passaram do papel. pena que hoje são negócios de sucesso. houve decepções amorosas de todas as espécies. curadas com noites que se confundiam com dias. muitos lenços de papel e ombros e leva-na-cabeça-porque-já-te-tinha-avisado. houve cursos de sobrevivência com o que de melhor cada um tinha para ensinar. a betinha e o arrojado e o consensual. houve convenções sérias que pensámos para sempre. alianças celebradas em jeito de cerimónia. quebras reforçadas com companhia fora de horas. concluo que não gostamos de relógios. houve doenças. recuperações. perda de entes queridos com distâncias físicas ultrapassados. sustos a sério. tão a sério que pareciam o fim do mundo. momentos em piloto automático com as costas quentes. houve filhos e crescimentos interiores consequentes. houve surpresas. gargalhadas muitas. anedotas sem filtro. frio e quente no coração que a vida não é a preto e branco como nós. momentos de inclusão. outros a solo. houve tanto até hoje. outra das serenidades que o passar do tempo traz é a certeza sentida no mais ínfimo das entranhas de que há coisas que não vão mudar. outra das mais absolutas que posso confirmar é que dois dos meus mais fortes pilares serão sempre vocês. haja o que houver. a mais 25 vezes. no novo sítio do costume.




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